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quarta-feira, 28 de julho de 2010

O lixo nosso de cada dia


Hoje ao sair para a minha caminhada matinal deparei com uma cena deprimente, porém infelizmente corriqueira no cotidiano dos paulistanos: um sujeito tinha acabado de comer seu lanche, e atirou a embalagem pela janela do carro. Não contente com isso andou mais alguns kilomêtros, e jogou na quadra seguinte a lata de refrigerante.
Embora nem todos os passantes se incomodem mais com esse tipo de comportamento, ele continua sendo condenável, inaceitável e revoltante. Um ato desse tipo demonstra falta de educação, de respeito com o próximo, de cuidado com o meio ambiente e de amor pela cidade. Mas por incrível que pareça o dito cidadão, ainda se diz em plena razão. Alega que a limpeza da cidade é obrigação do poder público. È para isso que paga tantos impostos. E ainda tem mais. Caso não existissem indivíduos como ele, os trabalhadores encarregados da limpeza publica estariam desempregados.
Seguindo a mesma lógica, quando um bueiro transborda depois de uma chuva forte, o culpado sempre é o governo; nunca é o cidadão que jogou o lixo nas ruas.
Na verdade esta é uma distorção da realidade. O lixo gerado por cada indivíduo – cerca de 1 Kg em média por dia – está esgotando a capacidade dos aterros sanitários. Os cidadãos não percebem sua responsabilidade pela geração desses resíduos. Muito menos de que deveriam assumir parte da responsabilidade pela destinação adequada, colaborando para a reciclagem.

Em muitas cidades do mundo a municipalidade força a tomada de consciência da população, seja por conta da cobrança de taxas, penalidades ou por projetos de educação da população. Talvez uma melhor compreensão do problema e do custo real do serviço prestado levasse o usuário a reduzir de forma considerável o volume de lixo, separando o que pode ser reciclado ou reutilizado.

No Brasil, infelizmente, o poder público ainda arca com toda a responsabilidade da limpeza urbana e tem muitos pontos a melhorar na gestão do lixo, quando comparada á realidade de capitais estrangeiras, de acordo com os dados coletados em pesquisa realizada pela Gestão da Limpeza Urbana - Investimento para o futuro das cidades, conduzido pela consultoria PricewaterhouseCoopers.
A cidade de Roma, por exemplo, não necessita dispor do orçamento para o serviço de limpeza urbana porque uma taxa cobrada diretamente dos munícipes cobre integralmente a prestação do serviço. Em Londres, a estrutura é similar a adotada aos créditos de carbono: criou-se um mercado para redução do volume de resíduos em aterros, com incentivos para reciclagem e reuso. Tóquio, por sua vez, investe muito em tecnologia para triagem e reciclagem de resíduos, tornando mais eficiente o processo de descarte final, seja ela por meio de aterros ou incineração. Em Paris, para incentivar a comunidade a desenvolver a triagem de resíduos para reciclagem o órgão responsável prevê o apoio financeiro sobre os materiais recolhidos. Já em Buenos Aires, está institucionalizada a figura do catador e das cooperativas que se encarregam de 13% do lixo gerado. Em Barcelona, a Agência de Resíduos tem como funções promover a redução de resíduos, evitarem o desperdício e fomentar a coleta seletiva.
O A conscientização e a educação da população, aliada a uma coleta de resíduos organizada, pode ajudar a resolver a questão do lixo no Brasil. É preciso esclarecer à população sobre o que, de fato, é lixo, como aproveitar o máximo dos alimentos, e que destino dar aos resíduos duráveis. Temos que procurar os bons exemplos de fora, adaptá-los,e aplicá-los no nosso país, que está ganhando cada vez mais notoriedade e respeito internacional.
Nos últimos anos avançamos muito em tecnologia e legislação. Só precisamos agora que o poder público, as empresas e a população se unam e abracem essa causa. Só assim, teremos cidades mais limpas com menos resíduos descartados no meio ambiente.

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