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segunda-feira, 26 de maio de 2014

Para o mundo que eu preciso descansar.

Hoje acordei com náuseas  e com o mundo girando em minha cabeça. E olha que nem foi eu que resolvi tomar todas para comemorar o aniversário de 21 anos. Rsrsrsrs... Aqui os jovens só podem consumir bebidas  alcóolicas, ou entrar em baladas depois de completarem 21 anos, por isso carregam a besta tradição de acabar as com as bebidas de todos os bares da cidade para depois passar o outro dia vomitando até as tripas. Mas tudo bem. Para mostrar seu amor e solidariedade, minha neta resolveu passar mal comigo. -Se e pra você andar que nem um zumbi, eu vou andar que nem um zumbi com você. Depois de sucos energeticos, remédios para combater dores e náuseas - vamos ao Freedon park! Kkkkk. Eu tenho que estar bem. Eu quero ficar bem para aproveitar essa adorável visita e comemorar muito os seus 21anos.  Afinal, só se completa 21 uma vez na vida e não sei quando vamos poder nos encontrar novamente. How are you? are you fine?  como vai voce?  você esta bemmm?  -Nossa! Ultrapassa o número de estrelas do céu o número de vezes que ouço esta pergunta desde o dia que fiquei doente. Não posso reclamar. As vezes e cansativo dar as respostas a todo momento, mas isto demonstra o quanto as pessoas se preocupam comigo. Digo cansativa porque a resposta e muito grande. -  Eu estou bem, estou com náuseas, dores no estômago, diarréia, dor de cabeça, dores no corpo. Estou cansada, a cada dez passos que dou parece que andei mil kilometros. As vezes me sobe um calor pelo corpo e então começo a suar frio. Mas estou firme rsrsrsr... Tudo isso já era esperado. Os médicos e enfermeiras disseram que eu tenho que descansar, mas não tem coisa que me deixa mais cansada nesta vida do que descansar. E assim estamos chegando ao final do feriado e das comemorações com chave de ouro. Mesmo sendo uma pós sessão quimioterapica. 

domingo, 18 de maio de 2014

Perdas e ganhos

A minha oncologista e a enfermeira responsável pelas aplicações da quimioterapia já haviam confirmado que a perda de cabelo iria acontecer. Só  não sabiam dizer como, nem quando. Eu carregava comigo ainda a esperança que ele não caísse por completo e me recusava a ficar experimentando perucas, bonés lenços ou chapéus. Oito dias após a primeira sessão comecei a notar que eles começavam a cair. Fomos a um salão e cortamos o mais curto possível. Ainda não havia me convencido de eu ficaria sem um fio de cabelo na cabeça. Não importa os argumentos   que os outros usassem para me consolar; ´´- O cabelo nasce de novo``..``- A vida é mais importante que o cabelo``, ou até dos mais francos: -`` você nunca teve cabelo comprido e bonito mesmo.. não vai fazer muita diferença. Rsrsrs``. Nada diminuía a tristeza que eu sentia., Passado mais uns três dias, tufos de cabelo começaram a ficar no travesseiro, ou cair por toda a casa. Na hora do banho é que eu sentia o maior drama. Passava o shampoo e quando enxaguava esfregando as mãos na cabeça, a banheira ficava cheia de pequenos fios que iam se soltando aos montes. Era como se o couro cabeludo estivesse apodrecendo, se tornando incapaz de segura-los. Era cabelo na cama, cabelo no chão, cabelo na mesa, um horror. Então não havendo outra saída, com a ajuda do meu genro e da minha filha, nos livramos dos poucos fios que tentavam resistir e por fim passamos a máquina zero. Tive vontade de chorar, fazer drama, mas achei que era coisa para filme ou  novela, e desisti.  No domingo seguinte ao fato, esperava apenas uma amiga que havia ligado dizendo que viria para o lanche da tarde;  mas fui surpreendida com a chegada de mais e mais amigas, trazendo pratos de comida vegetariana e plantas nas mãos.  Era a ´´Garden`s Party´´ , . [Festa do jardim], uma festa surpresa que minha filha havia planejado para mim. Conversamos, comemos coisas leves e saudáveis e rimos muito. Me senti amada, encorajada e ainda ganhei quase tudo para dar inicio ao projeto da construção da nossa própria plantação de ervas, que há tempos havíamos planejado, mas que ainda não havia saído do papel. Este domingo foi especial para mim. Com certeza vou guarda-lo na memória por toda vida. Perdi meus cabelos, porem ganhei a satisfação de sentir que sou amada e tenho vários familiares que se preocupam  com a meu bem estar e torce para que consiga superar a doença.
 

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Dias das mães



 
Hoje não acordei tão bem como gostaria de acordar. Meu nariz não para de sangrar, meus ossos doem, minhas pernas estão adormecidas e uma pequena onda de auto piedade e tristeza quer tomar conta de mim... mas auto lá. Hoje e dia das mães! Minha família espera por mim. Enquanto espero em meu quarto, o aviso de que o café da manhã esta pronto, falo com minha filha mais velha pelo Skype e leio mensagens dos outros. Minha filha  Andreia preparou uma linda mesa de café da manhã, com flores, comidas parecidas com as comidas brasileiras e muitos presentes. Juntei os presentes recebidos aqui aos que vieram do Brasil. Um livro,uma melissinha, enviados pela Amanda e dois desenhos feitos pelos netos Rafael e Ariel. O Rafael desenhou a nossa casa, eu pegando um avião indo para São Paulo e ele me esperando lá no Brasil. Disse que está com saudades e aproveitou para pedir um presentinho.. rsrsr,. Esperto esse garoto. A Ariel, como sempre , doce e solidária desenhou eu e ela sem cabelo.[Que gracinha]. Ficamos a manhã inteira lendo mensagens, filmando e fotografando os presentes. Afinal, momentos importantes assim devem ser registrados. É certo que dia das mães é todo dia e que merecemos carinho e respeito sempre, mas é gostoso receber presentes, nem que seja um bilhetinho, um cartão. É bom ter um dia especial só para nós, sermos lembradas e sentir o quanto reconhecem o nosso valor. Não deu para ficar triste por muito tempo e nem deixar de ser agradecida a Deus por ter me dado filhos tão bons, atenciosos e netos tão maravilhosos como os meus. Tristeza e pensamentos negativos espantados, fomos almoçar na casa da nossa amiga Lorena e passamos o rosto do dia na piscina relaxando, confiantes de que esta é uma situação passageira e que muitos momentos bons , ainda serão vividos.

domingo, 11 de maio de 2014

Boas noticias


Hoje era dia de retornar ao hospital para fazer uma avaliação geral do tratamento. Minha consulta era as treze horas, mas saímos de casa as nove para que eu pudesse também participar da reunião do Grupo de apoio para doentes de câncer de mama. Essa semana eu não fui para a escola ainda. Na segunda e terça feira estava com tantas dores nas pernas e fadiga que não fui capaz de levantar da cama , e hoje fomos ao hospital. A Andreia me deixou na porta do hospital e foi fazer seus exercícios diários. Combinamos não pedir intérpretes, porque assim eu era forçada a escutar e  falar inglês. Na reunião havia catorze mulheres doentes de câncer  de mama. Algumas que já haviam se curado do câncer transmitiram sentimentos encorajadores e deram sugestões para solucionar problemas que vão aparecendo durante o tratamento, outras em diferentes estágios e tipos de tratamento falaram sobre seus problemas e fizeram perguntas para esclarecer algumas de suas duvidas. Depois da reunião fomos almoçar num restaurante próximo ao hospital para que não nos atrasássemos para a consulta. Chegamos no consultório da doutora de nome estranho as treze em ponto. Não iriamos ver a Dipika, seriamos atendidos apenas por sua enfermeira assistente, o que nos dava um certo alivio, uma vez que desde a primeira vez que a vimos, talvez pelo fato de se portadora da noticia de que eu estava realmente com câncer  não nos simpatizamos muito com ela.  A enfermeira fez algumas perguntas, esclareceu duvidas, prescreveu receitas e mediu  o tumor. Fiquei feliz quando ela confirmou uma diminuição de mais de um centímetro do de tumor.