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segunda-feira, 17 de maio de 2010



Em clima de luto, pesquisadores aguardam reabertura do Butantan
Prédio do instituto que abrigava cobras e aranhas pegou fogo no sábado.
O Local está interditado; grande parte do acervo foi perdido.

Pesquisadores que trabalham no prédio do Instituto Butantan, na Zona Oeste de São Paulo, que pegou fogo no sábado (16) aguardavam na manhã desta segunda-feira (17) notícias sobre o estado do local e a liberação do prédio para contabilizar os prejuízos. Em clima de luto, eles lamentavam a perda de um dos maiores acervos de cobras, aranhas e escorpiões do mundo – os exemplares dos animais mortos e conservados eram utilizados em pesquisas. Uma faixa com a palavra "Luto" foi colocada no local.
“Estamos aguardando a liberação para entrar e pegar o que porventura sobrou. Ainda não dá para saber o que temos. O que foi recuperado está espalhado em outros prédios”, contou o biólogo Marcelo Duarte. “Mas o trabalho não para. Continuamos recebendo doações de exemplares, precisamos arranjar um lugar para eles. Temos que dar atendimento à população”

Para esta definição, a direção do instituto iria se reunir ainda nesta manhã para definir quais rumos serão tomados em relação às atividades feitas no local e aos materiais e exemplares recuperados. Também na manhã desta segunda-feira é aguardada uma visita da Polícia Científica ao local. Já no sábado, foi iniciada a perícia do prédio.
O incêndio ocorreu no prédio das coleções, onde estava guardado o acervo de 80 mil exemplares de serpentes e mais de 500 mil aranhas e escorpiões. O acervo foi iniciado há 120 anos. Curto circuito ou sobrecarga elétrica são algumas das hipóteses consideradas pelos peritos do Instituto de Criminalística (IC). Ninguém ficou ferido no incêndio.

Junto com outros colegas de trabalho, a pesquisadora Maria da Graça Salomão, que usava os exemplares de animais em suas pesquisas, procurava se consolar com os colegas. “É o nosso local de trabalho, não temos mais o que fazer. Estou sem rumo”, disse ela.
Estudante de pós-doutorado em zoologia na Universidade de São Paulo, Felipe Curcio estava desconsolado. “Qualquer coisa que sair daí é lucro”, disse ele, emocionado. “Qualquer zoólogo que trabalhe com artrópodes e serpentes depende daqui. Minha pesquisa era toda feita aqui.”
Durante a manhã, os próprios funcionários do laboratório e de outros setores do instituto tentavam organizar o material que foi salvo do prédio, retirando-o dos locais onde foram colocados às pressas durante o fim de semana. Entretanto, o trabalho será longo. “Não sabemos ainda como vai ser. Além da perda dos animais, vamos precisar de outro local. O prédio está condenado”, disse o biólogo Duarte.
Apesar dos problemas causados pelo incêndio, o funcionamento de todos os outros setores do Instituto Butantan era normal nesta segunda.
Segundo a assessoria de imprensa do Butantan, o órgão irá aguardar as investigações da perícia técnica sobre as causas do incêndio. Em nota divulgada no sábado, o instituto afirmou que, "segundo informações preliminares prestadas pelos Bombeiros, não havia no prédio qualquer problema relacionado às instalações que possa ter originado o incêndio".

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