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quinta-feira, 13 de maio de 2010

A escravidão retratada na midía






Quando pensamos em produções, seja na televisão ou nos cinemas, que retratam tempos remotos, como o Brasil imperial, é quase que impossível não reparar neles. Vindos da África para prestar serviços forçados, os escravos fizeram, infelizmente, parte da história da sociedade e jamais poderiam ser esquecidos nas novelas e nos filmes de época. Seja como meros figurantes ou personagens centrais em enredos polêmicos, esta lista de obras elaborada pelo Famosidades é uma homenagem neste 13 de maio, quando comemoramos 122 anos da assinatura da Lei Áurea, responsável pela abolição da escravatura. Não deixe de conferir.




"Xica da Silva" 
Começando a lista com uma das mais importantes histórias que retratam o período. Xica da Silva foi um escândalo! A escrava que virou rainha causou polêmica tanto na ficção, já que os personagens da trama ficaram chocados com o comportamento da escrava, quanto fora das telas. Protagonizada por Taís Araújo, que na época tinha apenas 17 anos, a novela foi ameaçada de censura por trazer a atriz nua em horário nobre.





"Quilombo"  
Dirigido por Cacá Diegues, o filme conta a história de um grupo de escravos rebelados que parte para o Quilombo dos Palmares, foco de resistência contra a escravidão. O longa traz a atuação de atores negros importantes na história da cultura brasileira, como Zezé Motta, Antônio Pitanga e Grande Otelo.





"Escrava Isaura" 
No ar em 1977, a novela foi o um marco das produções brasileiras no exterior. Até hoje, é uma das mais exportadas. A história de “Escrava Isaura” é baseada na vida de uma serviçal, filha de escrava e de um Comendador de fazendas. Seu status errante fará que com muitas pessoas da comunidade a vejam com pária e motivo de chacota na região. No papel principal está Lucélia Santos, que lançou sua carreira com Isaura.




"A Muralha"  
Esta minissérie global de 2000 foca em outro tipo de escravos, os índios brasileiros, que foram dominados por exploradores europeus no inicio da colonização. A trama cita os bandeirantes, que se embrenharam no Brasil ainda desconhecido para sugar riquezas e escravizar os índios, como Dom Braz Olinto (Mauro Mendonça), vendedor de escravos e especiarias.





"Jornada pela Liberdade" 
O filme fala da luta de um nobre que luta pelos direitos dos negros escravizados na Inglaterra. A batalha de William Wiber (Ioan Gruffudd ), que recorre a uma lei de abolicionismo em seu país, é memorável. Enfrentando toda uma sociedade preconceituosa, ele ainda tem o apoio de um ex-capital de navio negreiro, que compôs o hino de esperança “Amazing Grance” [título original do filme].





"Sinhá Moça"
Novamente Lucélia Santos retorna as telinhas, mas dessa vez não na pele de uma escrava como em “Escrava Isaura”, mas sim de uma brava filha de Barão que, ao se envolver com o jovem Rodolfo (Marcos Paulo), muda sua mentalidade. Rodolfo é um defensor da abolição, e vai contagiar Sinhá Moça com suas idéias. Apaixonada, ela segue em uma luta difícil que acarreta na assinatura da Lei Áurea, em 1888.




Amistad''
Baseado em uma história real, “Amistad” relata o motim em um navio negreiro, batizado de La Amistad, que transportava escravos para trabalhar na América do Norte. Durante o trajeto, os africanos se revoltam e se apossam do navio, tentando retornar para casa. Sem informações sobre rotas marítimas, eles acabam nos Estados Unidos, onde serão julgados e travam uma batalha ferrenha com políticos do país a favor de seus direitos. Vencedores, o grupo de africanos é apontado como responsáveis pela onda de protestos que gerou o abolicionismo na região.



"Sinhazinha Flô" – 
Além da temática da abolição da escravatura, período histórico em que a novela se passa, esta trama de 1977, baseada em obra de José de Alencar, foca também no inicio da emancipação feminina através da história de três personagens mulheres, boladas pelo autor clássico, e que refletem o pensamento da sociedade na época


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"Quanto Vale ou é por Quilo?" – 
Com muito bom humor e grande elenco, esta produção de Sérgio Bianchi traz uma ironia fina aos interesses por trás da abolição da escravatura. Fazendo uma analogia a venda de escravos para obter dinheiro, com o atual mercado capitalista, que explora a miséria e cria uma fachada social que visa o lucro, o filme mostra que o tempo passa, mas a ganância humana continua a mesma.


Raízes 
Baseada no relato de Alex Haley, narra. a Saga De Uma Família negra africana - O sofrimento de Kunta Kinte e sua família. A mini-série Raízes foi um dos fenômenos televisivos mais importantes de todos os tempos. No momento de sua estréia em 1977, no final da oitava noite consecutiva em que a cadeia ABC apresentou o show, cerca da metade da população americana assistiu ao capítulo final. No Brasil foi ao ar pela Globo nos anos 70 e pelo SBT - anos 80 .









Escravidão “moderna” envergonha e atrasa o Brasil

13 de maio/ dia da abolição dos escravos
É louvável e da maior importância a decisão do Tribunal Superior do Trabalho de punir com pesada multa uma empresa sediada em Alagoas por explorar mão de obra escrava.
Na contramão de um tempo marcado por tantas descobertas científicas e tanta tecnologia, há quem cometa o paradoxo de submeter crianças, adolescentes e adultos a trabalhos em condições extremamente desumanas, análogos à escravidão.
Essa excrescência precisa ser encarada com atenção especial não apenas pela Justiça, mas também pelos governantes e pela opinião pública. A omissão diante de tamanho absurdo contribui para manter e até agravar esse atrasado resquício que remonta aos idos pré-históricos e medievais, épocas em que o conhecimento humano alcançava níveis extremamente limitados.
Oficialmente abolida no Brasil em 1888 pela “Lei Áurea”, neste 2010 a escravidão persiste, embora com facetas que diferem do período que abrange o colonial até o final do Império, quando índios e negros arrancados do continente africano eram aqui escravizados.
As usinas de açúcar, desde seus primórdios – há mais de quatro séculos – tiveram destaque na utilização de escravos, mão-de-obra que durante longo tempo garantiu lucros gigantescos para usineiros, mineradores e gestores de outras atividades relacionadas principalmente à agricultura.
A chamada “escravidão moderna”, motivo de vergonha para o Brasil, precisa ser combatida. Afinal, não há como haver desenvolvimento se não houver cidadania. E como haver cidadania se houver escravidão?
Um injusto modelo econômico que respalda perversidades como a concentração de renda, por exemplo, deságua inevitavelmente em anomalias sociais como a anacrônica escravidão. Deságua também na marginalidade de jovens que deveriam estar aprendendo em escolas, mas por falta de oportunidades são jogados para as drogas e para a criminalidade.
Os vergonhosos índices sociais de Alagoas, por exemplo, despontam, no país, como a referência maior de um modelo concentrador e desumano, sob o jugo secular dos usineiros.
Problemas como escravidão no campo, desnutrição e fome – fartamente denunciados em meados do século passado pro Josué de Castro – continuam mais atuais do que nunca!

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