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quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Gestos de simpatia e atritos marcaram relação de Obama com Brasil

"Os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos, Luiz Inácio Lula da Silva e Barack Obama, se cumprimentam"
Apesar de um início promissor e de demonstrações de simpatia entre os dois presidentes, o primeiro ano do governo de Barack Obama foi marcado por conflitos na relação entre os Estados Unidos e o Brasil.

Em março, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o primeiro líder latino-americano a visitar a Casa Branca depois da posse de Obama.

Os dois presidentes também se encontraram várias outras vezes em eventos internacionais, nos quais protagonizaram trocas de gentilezas. Obama chegou a dizer que Lula era "o político mais popular da Terra".

Os Estados Unidos consideram o Brasil um importante interlocutor na América Latina. Os brasileiros, por sua vez, têm interesse em dialogar com a maior potência do mundo.

No entanto, passados alguns meses, as divergências entre os dois governos provocaram situações de conflito diplomático.

Em junho, foi revogada a suspensão de Cuba da Organização dos Estados Americanos (OEA). No entanto, o fim do embargo americano à ilha, como queria o Brasil, não ocorreu.

"Os Estados Unidos ficaram muito irritados com a pressão brasileira", disse à BBC Brasil Peter Hakim, presidente do instituto de análise política Inter-American Dialogue, com sede em Washington.

O acordo militar permitindo que os Estados Unidos usassem bases na Colômbia agravou a tensão.

Honduras

A crise em Honduras, com a deposição do presidente Manuel Zelaya e seu posterior retorno ao país, abrigado na embaixada brasileira, expôs ainda mais as divergências entre Estados Unidos e Brasil.

Após as eleições, realizadas sem a restituição de Zelaya ao cargo, o Brasil se recusou a reconhecer o vencedor, a exemplo do que fizeram os Estados Unidos.

Outro foco de tensão foi a visita ao Brasil do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, em novembro, em meio à polêmica sobre o programa nuclear iraniano e as acusações de fraude em sua reeleição.

Em dezembro, uma disputa pela guarda do menino Sean Goldman, travada entre seu pai americano e a família da mãe, brasileira, acabou se refletindo no Congresso americano.

A votação do programa de isenção tarifária que beneficia exportações brasileiras foi suspensa, por iniciativa de um senador, até que o caso fosse encerrado. O Supremo Tribunal Federal acabou determinando a entrega do menino ao pai.

Todos esses episódios se somaram ainda a divergências em relação a temas mais amplos, como negociações de comércio e metas de redução de emissões de carbono.

"Nenhum dos dois países investiu muito na relação", diz o presidente do Inter-American Dialogue. "Os dois precisam sacrificar um pouco, mas não sei se estão dispostos a fazer isso."

Apesar dos conflitos, Estados Unidos e Brasil buscam entrar em uma nova fase nas relações bilaterais. Depois de enfrentar meses de vetos no Congresso, o novo embaixador americano no Brasil, Thomas Shannon, teve seu nome aprovado pouco antes do Natal.

No próximo mês, o subsecretário de Estado para Assuntos Políticos, William Burns, deve viajar ao Brasil para preparar a visita da secretária de Estado, Hillary Clinton.

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